domingo, 20 de julho de 2008

Feliz o destino do inocente vestal...

Sexta feira foi aniversário de Sumain. Será que ela continua não gostando de aniversários? Não me interessa. Mesmo.

Mas eu resolvi escrever porque lembrei de um troço bacana e que eu acho legal que você saiba. Para que você veja que não sou nenhum filho da puta e que no peito desse desafinado também bate um coração.

Sumain estava grávida de aprox
imadamente seis meses em julho de 2002. Sua família resolveu fazer uma festa surpresa para ela. A intenção foi ótima, mas uma pessoa que não gosta de aniversário não passará a gostar apenas por estar grávida. Ou seja, a sensibilidade estava potencializada no grau máximo. Era a crônica do desastre anunciado.

Quando eu cheguei na sua casa, com uma lata de Sonhos de Valsa, o circo já estava armado. Mas algo de muito bom aconteceu. E é esse algo de bom que aconteceu que eu quero que você saiba.

Foi uma cena de filme, filha. Sumain desceu correndo as escadas, jogou-se nos meus braços e pediu "peloamordedeus" que eu a tirasse dali. Poucas vezes eu me senti tão amado e responsável como naquele dia. Ela depositava em mim, naquele momento, toda sua confiança. Eu poderia levá-la para qualquer lugar. Copacabana, fim do mundo, Inhoaíba, Ilha de Lost, Onde o vento faz a curva, Onde Judas perdeu as botas. Ela iria comigo para qualquer lugar. Como foi especial aquele momento.

Mas não levei Sumain a lugar algum. Eu consegui acalmá-la e voltamos para a festa.

Será que ela lembra disso? De que em algum momento nós fomos importantes um para o outro? Eu lembro. E fico puto comigo por lembrar. Às vezes eu quero que aconteça um "brilho eterno de uma mente sem lembranças" comigo, uma porra de um Alzheimer seletivo que me livre da triste condição de personagem de música do Rei Roberto:

"Eu sei que o coração perdoa
Mas não esquece à toa
E eu não esqueci..."

Mudando de assunto. Algo muito mais importante e solene. Soube que você está na escola. Parabéns. Espero que você goste, que seja estudiosa e responsável. Que não ligue para os implicantes e cruéis coleguinhas que sentam lá atrás. Que você NÃO seja a coleguinha cruel e implicante que senta lá atrás. E aproveite a fase, pois passa rápido.

Por mais que eu esteja longe, acho importante que você conheça as produções literárias, folclóricas e culturais feitas para as crianças aqui no Brasil. Quero que você seja influenciada por gente boa. Ziraldo e O Menino Maluquinho, Maurício de Sousa e a Turma da Mônica, Monteiro Lobato e o Sítio do Pica-Pau Amarelo, etc. Aqui no Brasil nós temos muitas histórias para contar, filha. Nossa cultura é muito rica.

Farei com que esse material chegue até você. Não sei como ainda. Mas farei. Quero muito que você assista Hoje é Dia de Maria.

Por ora, deixo para você esse vídeo muito bonitinho feito pelo tio VJ, companheiro de trabalho do papai. É a Ciranda da Bailarina, uma música engraçada do Chico Buarque.

beijosteamoatébreve!




Ps 1.: Eu tenho certeza que Sumain lembra.
Ps 2.: Será que você já viu Monstros S.A.? Papai viu. E chorou. Maior micão, filha.
Ps 3.: Lembro de certas coisas de vez em quando. De você, eu lembro todos os dias. E cada vez que lembro ou escrevo me sinto mais próximo. Amo você, filha!