segunda-feira, 1 de junho de 2009

Riscos

Tentei procurar sua mãe no começo desse ano. Tentei me aproximar. E as coisas foram confusas. Para mim, principalmente. As mágoas são muitas. A verdade de um é mais verdadeira que a verdade do outro. Foram poucas palavras virtuais. Porém, suficientes para notarmos o despreparo para um possível reencontro e a total imaturidade quando o assunto somos nós – sua mãe e eu. Sei que sua mãe sabe sobre mim. E eu nada sei dela. Sei que ela ainda acompanha minha vida como se fosse uma novela de Manoel Carlos. E fazer o mesmo não me é concedido. Mas também nem quero mais. Estou cansado, sabe? E, nessa História de Amor, perdemos todos. Ela perde. Eu perco. Você perde mais que nós dois.

Se você vai me cobrar isso um dia? Sinceramente, espero que sim. Nunca te rejeitei, minha filha. Minha amada filha. Sei que hoje corro o risco de te perder para sempre. Mas eu arrisco. Arrisco porque tenho certeza que Deus é bom. E que alguma Justiça me cabe nesse mundo. Arrisco porque confio em sua inteligência, afinal você é minha filha. Confio que você vai saber discernir. E que quando toda essa tormenta passar, além de seu pai, eu serei mais, muito mais que um amigo.

Eu te amo.

Não seja por isso
Eu não tenho pressa
Eu posso esperar vidas inteiras
Mas tenha certeza de que lhe interessa
Deixar escapar o ouro do agora
Para que não seja numa tarde dessas
Tarde demais
(Vidas inteiras – Adriana Calcanhotto)