domingo, 10 de agosto de 2008

Você foi meu herói, meu bandido...

Segundo domingo de agosto. Nos últimos quatro anos, o pior dia do ano para mim. Eu me sinto um hipocratão quando alguém me parabeniza pelo Dia dos Pais. Eu não me sinto merecedor dessa congratulação. Apesar de, honestamente, achar que a mereço. Eis aí a diferença entre os verbos achar e sentir. Olha como eu me auto-saboto!

Nunca pensei que fosse citar Renato Russo para você num clichezão federal. Mas ele diz numa letra de música: “você culpa seus pais por tudo e isso é um absurdo / são crianças como você / o que você vai ser quando você crescer...” Enxergar essa canção pelo prisma do pai, quando sempre me vi como o filho, é muito revelador. É quase um pedido humilde de desculpas. Tipo, “olha, eu to assustado, você veio sem manual. você pode não entender minha atitude agora, mas um dia, se Deus quiser, você vai ter filhos e aí tudo ficará mais claro, assim espero. quer uma coca-cola?”.

Digressões. Não era bem sobre isso que queria falar. Mas acho auto-sabotagem deletar tudo que escrevi até agora. Esse sou eu. Essa é a minha história. Essa é a minha verdade. Quero, cada vez mais, me desfazer de redundâncias.

Meu mecanismo de defesa é o humor. Escrevo textos de humor e atuo sobre e sob o humor. No palco e na vida. O humor me ajudou muito a enfrentar agruras impostas. Filha, se não fosse humor...

Como sobreviver uma missa de Dia dos Pais – o primeiro que eu passava sem você – em que fui obrigado por amigos a subir no altar com outros pais, enquanto o padre aplicava um sermão bonitinho (seria um serminho?) ao som de "Pai" de Fabio Jr. ao fundo? Foi um chororô na assembléia. E eu me controlando... para não rir! Porque se for na onda de Fabio Jr., a pessoa entra numa que pra sair é phoda com pê agá de pharmácia.



Rir é terapêutico, rir é o melhor remédio, o humor é minha redenção, etecetera e outros jargões do gênero. Procuro não sair desse mundo particular que criei e que é minha fuga assumida. Nem sempre dá certo. Porque de noite na cama eu fico pensando se você me ama... e quando?

Permnita-me mais essa redundância.